sábado, 26 de maio de 2012

A VIDA DE SANTA MARTA (Fonte: La légende Dorée)

Santa Marta, a hospedeira de Cristo, era filha de Siro e de Eucária, descendente de estirpe real. O pai era governador da Síria e de muitas regiões marítimas. Com sua irmã, por direito de herança materna, possuía três fortalezas, a saber, Magdala, Betânia e parte da cidade de Jerusalém. Nunca se disse que tivesse marido ou vivesse com homem algum. Foi nobre hospedeira do Senhor e também queria que sua irmã O servisse, porque estava convencida de que não bastaria o mundo inteiro para servir hóspede tão nobre. Depois da Ascensão do Senhor, quando da dispersão dos discípulos, ela, seu irmão Lázaro, sua irmã Maria Madalena e ainda São Maximino — que as tinha batizado e a quem foram entregues pelo Espírito Santo — além de muitos outros, foram colocados num barco pelos infiéis, sem remos, nem velas, nem lemes, nem alimentos, pois tudo lhes roubaram. Mas, guiados pelo Senhor, chegaram a Marselha; depois, foram para o território de Aix e lá converteram o povo à fé. Novo lar Santa Marta era muito eloqüente e agradava a toda a gente. Naquele tempo, vivia nas margens do Ródano, num bosque, entre Arles e Avinhão, um dragão, metade animal, metade peixe, maior do que um boi e mais comprido que um cavalo, com dentes afiados como espadas, e protegido de ambos os lados por escamas como escudos; escondia-se no rio, matava todos os transeuntes e fazia naufragar os barcos. Tinha ido por mar desde a Galácia da Ásia, fora gerado por Leviatã – que era uma ferocíssima serpente aquática – e por um animal chamado ónaco, oriundo da região da Galácia, que expele os seus dejetos até à distância de uma jarda como se fosse a ponta de um dardo, queimando como fogo tudo o que atingem. Marta, a pedido do povo, foi procurá-lo e encontrou-o no bosque comendo um homem; atirou água benta sobre ele e mostrou-lhe uma cruz. Em seguida, vencido e parado como uma ovelha, Santa Marta atou-lhe o seu cinto e ali mesmo foi morto pelo povo com lanças e pedras. Os naturais dessa região chamavam Tarascurus àquele dragão; por isso em sua memória, aquele lugar ainda se chama Tarasconus (hoje Tarascon), em vez de Nerluc, que significa “lago negro”, porque os bosques eram sombrios e escuros. Vida em santidade A partir de então, com licença de seu mestre Maximino e de sua irmã, Santa Marta ficou ali, entregando-se sem desfalecer as orações e aos jejuns. Depois, tendo-se reunido nesse lugar uma multidão de religiosas e construído uma grande basílica em honra da Bem-aventura Virgem Maria, levou uma vida de austera: abstinha-se de carne, de toda a gordura, de ovos, de queijo e de vinho; só comia uma vez por dia, fazia cem genuflexões de dia e outras tantas à noite. Uma vez, quando pregava junto de Avinhon, entre a cidade e o rio Ródano, um jovem que estava além do rio queria ouvir suas palavras, mas não tinha barco; começou a nadar, mas foi levado pela força da correnteza e logo morreu afogado. Muito a custo, encontraram o seu corpo ao segundo dia e colocaram-no aos pés de Santa Marta para que o ressuscitasse. Ela se prostrou ao chão de braços abertos em cruz e orou assim: - Senhor Jesus Cristo, que outrora ressuscitou o meu querido irmão, olha, ó meu hóspede caríssimo, para a fé dos circunstantes e ressuscita este rapaz. Pegou-lhe na mão e ele imediatamente ressuscitou, recebendo o santo batismo. Santo Eusébio conta no livro quinto da História Eclesiástica, que uma mulher que sofria de um fluxo de sangue, depois de sarada, foi para o seu jardim e fez uma estátua parecida com Nosso Senhor Jesus Cristo, com a túnica e a fimbria como tinha visto, reverenciando-a com muita freqüência. Mas cresceram as ervas, até então destituídas de qualquer virtude, e ficaram com tal poder que, daí em diante, curaram muitos enfermos. Santo Ambrósio diz que essa mulher fora precisamente Santa Marta. Da mesma forma São Jerônimo refere, como conta na História Tripartida, que Juliano, o Apóstata, tirou a estátua feita por ela para lá colocar a sua, que logo foi destruída por um raio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário